Saúde

Saúde / 24/02/2023

Glitter biodegradável: mas você conhece a origem

Sem abrir mão do brilho para a festa, o consumidor pode optar por versões do produto atóxicas para ajudar a evitar a poluição durante o Carnaval

Pensou em Carnaval, tem que ter muito brilho. Não só na fantasia, mas também na maquiagem. E é aí que entra o glitter, produto feito de pequenos pedaços de plástico revestido com óxido de ferro, o que faz com que eles permaneçam brilhantes durante muito tempo. Também são super aderentes, não só à pele, mas a tudo em que são aplicados. Com produção barata, o produto é extremamente prejudicial ao meio ambiente. Além de ser muito difícil de sair, quando usado como maquiagem de Carnaval, por exemplo, ele também gruda por onde passa, pelos ralos, no  lixo, e ao chegar aos rios e oceanos, causa danos irreversíveis para a flora e a fauna marinhas.

Considerando todos esses prejuízos, muitos consumidores vêm procurando opções ecológicas, biodegradáveis e de brilho natural para substituir os microplásticos. 

Pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, trabalham há alguns anos em uma alternativa ecológica. Uma equipe liderada pela professora Silvia Vignolini do Departamento de Química Yusuf Hamied de Cambridge, autora sênior do artigo, chegou a uma solução: o uso de celulose na criação de um glitter atóxico, vegano e biodegradável. 

O novo produto é feito à base de nanocristais de celulose, que podem dobrar a luz de forma a criar cores vivas. O processo é chamado pelos cientistas de “cor estrutural”, que é o mesmo fenômeno responsável por algumas das cores mais brilhantes da natureza, como as das asas de uma borboleta e das penas de um pavão. E o mais incrível é que os tons não desaparecem, mesmo depois de um século.

Durante anos, o grupo de pesquisadores da Silvia Vignolini extraiu celulose da polpa da madeira e a transformou em materiais brilhantes e coloridos, que poderiam ser usados para substituir pigmentos tóxicos usados em vários produtos de consumo, como tintas e cosméticos.

Outro cientista que assina o estudo sobre o glitter biodegradável, Benjamin Droguet, encontrou o desafio de gerenciar todas as interações físico-químicas simultaneamente para produzir os materiais em escala. Mas conseguiram atingir seu objetivo de fabricar o material em escala industrial. 

As primeiras versões dessa alternativa foram feitas de polpa de madeira — cujos detalhes você pode ler na revista Nature Materials —, mas qualquer produto vegetal com celulose facilmente extraível pode ser utilizado no processo de confecção do glitter biodegradável, como algodão e cascas de manga, banana e borra de café, diz Silvia Vignolini. E ela ressalta que, como o único ingrediente deste glitter são plantas, qualquer que for o descarte da purpurina acabará biodegradado.

Ainda sobre o brilho e as cores, a professora de química de Cambridge, Silvia, afirma: “A celulose por si só é um material transparente. Pense em uma bolha de sabão”, diz ela. “A água é transparente, mas assim que você cria aquela camada de bolha de sabão, você começa a ver as cores.”  O objetivo principal dos estudos é encontrar uma solução mais sustentável para os pigmentos em geral, pois para fazer cores artificiais, é necessário usar muita química e muita energia.

Essa nova forma de usar pigmentos e brilhos com celulose é um avanço revolucionário, principalmente para a indústria de cosméticos, que só na Europa, usa cerca de 5 mil toneladas de microplásticos por ano

Alerta para produtos alternativos

Os pesquisadores de Cambridge alertam: há muitos produtos que são ofertados no mercado como ecológicos, mas na verdade são glitters minerais, extremamente tóxicos. Os fabricantes destes produtos usam mica e dióxido de titânio combinados em um pigmento de efeito. “No entanto, o dióxido de titânio foi recentemente proibido na União Europeia para aplicação alimentar devido aos seus potenciais efeitos cancerígenos, enquanto a extração de mica ocorre frequentemente em países em desenvolvimento que podem depender de práticas de exploração, incluindo trabalho infantil”, afirma a universidade em nota.

Principais fontes

Principais fontes: https://search.cam.ac.uk/search.html?collection=cam-meta&query=glitter
https://www.ch.cam.ac.uk/news/sustainable-biodegradable-glitter-your-fruit-bowl
https://www.ecycle.com.br/novo-glitter-biodegradavel-e-100-vegetal-e-comestivel/
Foto: Adobe Stock

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