Não há dúvida que, no Brasil, o feijão não pode faltar no prato da população. Somos um povo criado e acostumado com a dupla arroz-feijão no prato. Pode faltar carne, mas esses dois grãos são a base da alimentação nacional. Segundo o Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (Ibrafe), a população brasileira consome 223 mil toneladas de feijão por ano.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) acompanha a cada dois anos a evolução ou diminuição da área plantada de feijão (e de outros grãos também) no Brasil. E a notícia atual não é positiva. Segundo seu último levantamento, a área plantada com o grão vem diminuindo consideravelmente nas últimas quatro décadas. E em 2022, a projeção era de fechar com 890 mil hectares plantados – a menor área cultivada desde 1976.

Outro estudo feito pela Conab, o balanço de oferta e demanda entre 2019 e 2022, apontou queda de consumo de 3,15 milhões de toneladas em 2020 para 2,9 milhões de toneladas em 2021,  número que se manteve em 2022.

“A gente vem plantando cada ano uma área menor. Do ano passado para cá, temos 8% a menos. Tem diminuído a área plantada”, relatou o presidente do Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (Ibrafe), Marcelo Lüders. Ainda segundo ele, os custos de produção em 2022 e as variações do clima prejudicaram os produtores, deixando sua produtividade muito acanhada. O temor é que falte feijão, principalmente o carioca, para consumo interno, pois as culturas predominantes, soja e milho, têm aumentado em área plantada, enquanto o feijão só diminui. Ele afirma que o produtor que se mantém na cultura vive com dificuldades de manter mão-de-obra, principalmente o agricultor familiar. E, sem incentivos como crédito ou valorização do grão, opta por plantar menos. 

Segundo avaliação de economistas do agronegócio, as lavouras da agricultura familiar têm realmente reduzido o cultivo do feijão e da mandioca, culturas que demandam muita mão de obra. O grão teve alguns picos de aumento de preço para o consumidor final ao longo dos últimos dois anos, bem como outros itens da cesta básica. Mas o setor alerta para a diminuição constante da área plantada. Vamos observar os números nas próximas safras.