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Social / 15/10/2022

A mulher rural e seu papel fundamental na agricultura sustentável

Com suas múltiplas funções, a mulher rural desempenha papel extremamente relevante na produção agrícola

Não é difícil perceber que, mesmo após tantas conquistas adquiridas ao longo do tempo, as mulheres ainda sofrem, no mundo todo, com a desigualdade entre gêneros, independentemente das variações geográficas e socioeconômicas em que se encontram. No Brasil, por exemplo, segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), as mulheres trabalham cerca de 7,5 horas a mais do que os homens na semana. Isso se deve ao fato de sua dupla jornada de trabalho, entre emprego e atividades em seu próprio lar.

É costume cultural, na maioria dos lares brasileiros, a dupla jornada da mulher. Não obstante a desigualdade no mercado de trabalho feminino, as mulheres precisam ainda trabalhar em casa, de forma não remunerada, antes de poder descansar para o dia seguinte.

Essa é uma realidade que impacta não somente as mulheres dos centros urbanos, como também aquelas que trabalham na zona rural.

Para homenagear as mulheres que trabalham no campo, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o dia 15 de outubro como o Dia Internacional da Mulher Rural. Essas mulheres desempenham um papel crucial na agricultura, em termos de segurança alimentar e nutricional, no gerenciamento de recursos naturais, na liderança de diversas empresas e também em ações comunitárias no setor agrícola.

Segundo a ONU Mulheres, praticamente metade da população de mais de 500 milhões de habitantes da América Latina e Caribe possui representação feminina, sendo elas as responsáveis pela produção de 60% a 80% dos alimentos consumidos na região. A mesma instituição aponta que a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) projeta que a melhora no acesso das mulheres à terra, pecuária, educação, serviços financeiros, extensão, tecnologia e emprego rural, renderia um aumento significativo da produtividade e produção agrícola, contribuindo para a segurança alimentar, crescimento econômico e bem-estar social.

E como se já não fosse o bastante, a organização reforça ainda que a redução da desigualdade entre homens e mulheres no acesso aos recursos produtivos e insumos agrícolas poderia reduzir entre 100 milhões e 150 milhões o número de pessoas com fome no mundo.

Valorizar a mulher no campo é contribuir com a agenda do desenvolvimento sustentável

No plano de ação global para 2030 que reúne os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, um deles, o ODS 5 é alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas, sendo a meta 5.1 – acabar com todas as formas de discriminação contra todas as mulheres e meninas em todas as partes. Especificamente no Brasil, a meta tem como premissa eliminar todas as formas de discriminação de gênero, nas suas intersecções com raça, etnia, idade, deficiência, orientação sexual, identidade de gênero, territorialidade, cultura, religião e nacionalidade, em especial para as meninas e mulheres do campo, da floresta, das águas e das periferias urbanas.

Mas antes mesmo do estabelecimento da agenda 2030 e suas metas, um marco importante ocorreu em 2010, a nível mundial, quando foi criada a ONU Mulheres. A iniciativa das Nações Unidas tem como objetivo garantir os direitos de todas as mulheres, incluindo as mulheres rurais. Além da constante divulgação de informações para conscientização sobre a realidade dessas mulheres, são promovidas ações locais para o empoderamento e para a garantia dos seus direitos. Dessa forma, aumentar a compreensão da realidade da mulher rural, tanto a nível nacional como internacional, promove, além da melhoria das suas condições de vida e de saúde, a melhoria também da sua vivência doméstica, seu acesso à educação e suas condições de trabalho.

Mulheres brasileiras no campo destacam a importância do papel feminino na agricultura do país

Na luta pelos seus direitos, as mulheres brasileiras já percorreram um longo caminho até aqui. Hoje, estudar, trabalhar, votar, candidatar-se a cargos políticos e de liderança são exemplos dos direitos conquistados recentemente por essas mulheres. Mas ainda há muito o que ser conquistado e a força feminina no campo vem mostrando isso nos últimos anos.

De acordo com a ONU, o número de mulheres atuantes cresceu no setor agrícola brasileiro nos últimos anos. São mais de 1,7 milhão de mulheres comandando a produção agropecuária no país. Essas conquistas são consideradas um avanço, porque a presença feminina não era tão percebida no passado. A organização reforça ainda que as mulheres agricultoras são produtivas e empreendedoras, porém menos capazes de acessar terras, créditos, insumos agrícolas, mercados e cadeias agroalimentares de alto valor e obter preços mais baixos para suas culturas.

Um artigo publicado no ano passado, “O Pantanal por elas: o trabalho da mulher pantaneira no turismo”, também destaca a importância da mulher rural para a região. Além dos afazeres domésticos, elas exercem funções pecuárias diversas, tais como: a contabilidade e administração das fazendas, o trabalho com o gado ou as viagens em comitivas. Segundo o artigo, a mulher pantaneira tem se destacado no setor a partir dos anos de 1980/1990, conduzindo a produção e a organização do espaço turístico regional.

Participação das mulheres no manejo agrícola sustentável

O aumento da participação das mulheres no agronegócio nos últimos anos possui destaque com iniciativas que integram a produção agrícola à igualdade de gênero e à preservação do meio ambiente. Um exemplo disso é o diagnóstico da desigualdade de gênero no acesso à informação sobre restauração ambiental, promovido pela WRI Brasil. A iniciativa foi fundamental no planejamento, mobilização e capacitação de mulheres das comunidades sobre sistemas agroflorestais em Juruti, no Pará, criando um movimento pela restauração local. Essa integração da igualdade de gênero, incluindo as mulheres na linha de frente para a preservação, se enquadra no ODS 5 – Igualdade de gênero, no qual se garante a participação efetiva das mulheres nas atividades econômicas, acesso à propriedade e controle sobre a terra, e outras formas de propriedade.

Principais fontes

Principais fontes
ONU Mulheres. Campanha Regional promove 15 dias de mobilização pelos direitos das mulheres do campo. Disponível em: https://www.onumulheres.org.br/noticias/campanha-regional-promove-15-dias-de-mobilizacao-pelos-direitos-das-mulheres-do-campo/ Acesso em: 06/10/2022.
WRI Brasil. Na Amazônia, entender a paisagem social ajuda a transformar queimadas em agroflorestal. Disponível em: https://www.wribrasil.org.br/noticias/na-amazonia-entender-paisagem-social-ajuda-transformar-queimadas-em-agrofloresta Acesso em: 06/10/2022.

Foto: Shutterstock

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