Líderes Sustentáveis
ONDE: Gramado, RS
22 e 23 de abril de 2025
QUERO SABER MAISNo mês de outubro, duas datas são importantes para que a sociedade civil, o poder público e a população em geral reflitam sobre a importância da garantia dos direitos de segurança alimentar. No dia 16, é celebrado o Dia Mundial da Alimentação e no dia 21, o Dia Nacional da Alimentação na Escola. Infelizmente, em função da situação da fome no Brasil não é motivo de comemoração.
Em 2022, 33,1 milhões de pessoas não têm o que comer. Os dados são do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, já noticiado aqui no Entre Solos. Para saber o que vem sendo feito para diminuir os problemas relacionados à fome e à insegurança alimentar, conversamos com o representante da FAO no Brasil, Rafael Zavala.
Vemos no Brasil um aumento no número de pessoas com fome, e a FAO olha com atenção para estes dados. Um ponto que vale destacar, é que esse aumento está diretamente relacionado ao fato de que as pessoas sofrem de forma desproporcional com os impactos da crise econômica derivada da pandemia de covid-19. E isso não só no Brasil, mas em todo o mundo.
Mesmo que no país o auxílio emergencial tenha sido oferecido pelo Governo, muitas famílias perderam seus empregos ou ficaram impossibilitadas de trabalhar no mercado informal e foram levadas à situação de extrema pobreza, e a perda do poder de compra impacta diretamente o acesso a alimentos não apenas em quantidade, mas também em qualidade.
Agora precisamos traçar um plano de resposta para o futuro com comprometimento de todos os atores da cadeia, incluindo governos a nível federal, estadual e municipal, sociedade civil, setor privado, entre outros. O Brasil tem programas importantes de proteção social como o Auxílio Brasil, mas eles precisam ser ampliados. Será realmente difícil acabar com a fome, mas a partir de experiências anteriores, acreditamos que o país tem as ferramentas e conhecimento necessários para alcançar este objetivo.
A FAO trabalha em estreita colaboração com governos em diferentes setores, seja federal, estadual e/ou municipal, e com atores-chave para a transformação dos nossos sistemas agroalimentares a partir das três dimensões da sustentabilidade: social, econômica e ambiental. No que consiste ao âmbito da FAO, pode-se dizer que a organização é composta por uma série de “Fs” que simbolizam o amplo espectro de temas cobertos em cada país. Em inglês, o primeiro “F” diz respeito à palavra Food, para indicar o combate à fome e a todas as formas de desnutrição. O segundo “F” é a de Forests, denotando a responsabilidade da FAO com as florestas, de combater o desmatamento em áreas protegidas. O terceiro “F” de Fisheries indica a importância da promoção da aquicultura e da pesca sustentáveis. O quarto “F”, de Fire, indica a missão de combater os incêndios em áreas florestais. E por fim, o quinto “F”, já em português, diz respeito aos temas fundiários. Acabar com a fome perpassa toda a cadeia agroalimentar, e a FAO atua frente a estes diferentes níveis para uma resposta eficiente à população.
No dia 16 de outubro celebramos o Dia Mundial da Alimentação, e é comum dizermos que todos têm um papel a cumprir, independente do setor que representam. No caso destes 3 setores citados por você, a população pode consumir de forma mais consciente e responsável os alimentos, valorizar a produção de pequenos produtores, reduzir o desperdício de alimentos, isso para citar algumas coisas. Já a sociedade civil cumpre um papel fundamental como mediadora entre as autoridades governamentais e as pessoas mais vulneráveis.
Além disso, alguns projetos que conhecemos e que desenvolvem ações de capacitação em nutrição para crianças e adultos, têm um impacto social, econômico e ambiental formidável. Por fim, as empresas privadas devem ter como objetivo criar mercados verdadeiramente inclusivos com modelos de negócios que respeitem os direitos humanos, promovam o trabalho decente e a igualdade de gênero, valorizem a responsabilidade e respeitem o meio ambiente.
Sem dúvida. Através do programa de cooperação Brasil-FAO, trabalhamos com a América Latina e com o Caribe, a alimentação sob a ótica da alimentação escolar, uma importante política social que garante a alimentação para os estudantes, apoia a construção de ambientes escolares saudáveis, melhora a qualidade da educação, garante o direito humano à alimentação e ajudam a alcançar diferentes Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é o maior programa desse tipo na região da América Latina e do Caribe, e é considerado uma referência regional e mundial. Todos os dias letivos, os 41 milhões de estudantes brasileiros têm acesso a alimentos frescos, saudáveis e nutritivos, boa parte deles adquiridos da agricultura familiar local.
Além disso, esses programas implementam ações de educação alimentar e nutricional, que são muito importantes para fomentar hábitos de consumo saudáveis e sustentáveis nas novas gerações.
Embora sejam um dos alicerces do nosso sistema agroalimentar, os pequenos agricultores estão muitas vezes presos em ciclos de pobreza e insegurança alimentar e excluídos de oportunidades em sistemas dominados por grandes produtores e varejistas. Assim como fizemos o chamado durante o Dia Mundial da Alimentação, se nos comprometermos a garantir ações para não deixar ninguém para trás, precisamos transformar nossos atuais sistemas agroalimentares, para oferecer oportunidades iguais a todos os produtores e ajudar os pequenos agricultores a acessar novos mercados. Isso também significa investir na transformação rural.
Neste e nos próximos anos, pretendemos continuar atuando para o fortalecimento da agricultura familiar; o desenvolvimento de novos modelos de serviços de assistência técnica, pesquisa e inovação agropecuária; para a melhora dos níveis de segurança alimentar e nutricional da população; a mitigação dos efeitos da degradação dos recursos naturais, principalmente florestas, biodiversidade e recursos hídricos; entre outras atividades.
Foto: Arquivo Pessoal
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