Meio Ambiente

Meio Ambiente / 29/06/2022

Regeneração de pastagens, um grande passo para a economia verde

A otimização do uso da terra por meio da regeneração de pastagens reduz a emissão de carbono na atmosfera e contribui com a economia verde

Recuperar pastagens degradadas pode trazer muitos benefícios para o produtor e para o meio ambiente. Essa prática aumenta a produtividade da pecuária sem colocar em risco as florestas e a biodiversidade. É uma maneira de otimizar o uso da terra favorecendo a economia verde, gerando oportunidades de trabalho no meio rural e retornos econômicos para o Brasil.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) define a economia verde como um modelo de economia que resulta em melhoria do bem-estar da humanidade e igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz os riscos ambientais e a escassez de recursos naturais. É uma iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU), lançada em 2018, e tem como principais características a baixa emissão de carbono, a eficiência no uso de recursos e a busca pela inclusão social.

A regeneração de pastagens favorece esse modelo em todos esses aspectos, inclusive por ser uma das tecnologias incentivadas pelo plano da Agropecuária de Baixo Carbono, conhecido como plano ABC. Além de contribuir com a redução da emissão de gases causadores do efeito estufa (GEE), tal ação melhora a produtividade agropecuária, otimizando o uso da terra e gera maiores oportunidades para quem trabalha no setor.

ILPF na restauração de pastagens: ganhos econômicos e ambientais

Outra tecnologia, também incentivada pelo plano ABC, é a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, ou iLPF. A WRI Brasil aponta os benefícios econômicos e ecológicos da iLPF como uma ferramenta eficaz na recuperação de áreas degradadas, capaz de melhorar o clima local e a qualidade do solo, reduzindo adversidades como pragas, além de contribuir com ganhos em produtividade.

Segundo a mesma instituição, com dados da Rede iLPF, o Brasil possui cerca de 17 milhões de hectares com produção em sistemas integrados. Porém, a maior parte (em torno de 80%) integra apenas lavoura e pecuária, sem introduzir árvores no sistema. Mas a Rede projeta uma meta de atingir 35 milhões de hectares com o sistema ILPF até 2030, mostrando que há ainda uma grande oportunidade para restaurar e integrar florestas nas produções agropecuárias.

O Brasil tem grande potencial para regenerar pastagens

Um estudo realizado pela Universidade de Brasília aponta que as pastagens, responsáveis por 29% do uso da terra no Cerrado – cerca de 57 milhões de hectares – possuem elevado potencial de regeneração.

Os resultados do trabalho confirmam que não é necessário desmatar mais nada nesse bioma, que é considerado a savana de maior biodiversidade do planeta, fundamental para nosso abastecimento de água e produção agropecuária. Para isso é necessário traçar planos de ações e estratégias com auxílio de tecnologias e políticas que apoiem uma iniciativa que trará benefícios para todos.

Regeneração de pastagens degradadas e incentivo à baixa emissão de carbono

A degradação das pastagens tem sido alvo constante das pesquisas realizadas no Brasil. Várias estratégias são estabelecidas para regenerar pastagens degradadas como: identificação e reconhecimento dos estágios de degradação, planejamento do processo de recuperação e renovação, definição de critérios e recomendações técnicas para o manejo.

Considerando a grande importância da pastagem de boa qualidade e sua influência nos custos de produção e qualidade da carne, é imprescindível a formação e manutenção de pastos em sistemas de manejo sustentáveis. Uma pastagem bem manejada, além de tornar uma área mais produtiva, contribui com aspectos relacionados à redução de GEE, possibilitando a adequação da propriedade no programa carne com baixa emissão de carbono (CBC).

Além da pastagem de boa qualidade, para obter a certificação CBC, a propriedade precisa atender requisitos econômicos, sociais e ambientais, com destaque para regularização ambiental e trabalhista, e utilização de práticas de conservação de solo e água quando necessárias. Essas condições favorecem a economia verde e são consideradas um grande passo para essa iniciativa da ONU.

Produtores do Sul do Brasil recebem orientações para melhoria de suas pastagens

Uma publicação da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI) descreve tecnologias capazes de promover melhoria da pastagem em áreas de caíva com a descrição de manejo, implantação de pastagem e adequação a tecnologias e legislação ambiental.

As caívas são sistemas agroflorestais onde ocorre o extrativismo da erva-mate nativa integrada à produção animal no Sul do Brasil. Esses sistemas contribuem para a conservação de significativas áreas de remanescentes da Floresta de Araucárias. O objetivo do material desenvolvido pela EPAGRI foi orientar produtores e técnicos rurais sobre melhoria de pastagem em áreas de caíva.

Para chegar às orientações necessárias, foi realizada uma pesquisa com avaliação de diferentes formas de manejo e intensidades de uso de pastagem de 2015 a 2016 em áreas de caívas, com monitoramento a cada seis meses. Com os resultados obtidos, foi possível implementar com sucesso as diferentes estratégias de intensificação da pastagem em caívas, associadas a práticas de preservação compondo um sistema com maior sustentabilidade em todas as suas dimensões.

Não é só no Brasil que as pastagens podem contribuir

Pesquisadores da Universidade da Califórnia descobriram que pastagens apresentam maior capacidade de sequestrar carbono do que as florestas na Califórnia. O estudo indica que isso ocorre porque as pastagens são menos impactadas por secas e incêndios florestais. Os benefícios incluem potenciais de melhoria da saúde do solo e aumento dos estoques de carbono, contribuindo com as metas de redução da emissão de GEE até 2030. O trabalho aponta também estudos semelhantes de compensação de carbono em todo o mundo, especialmente em ambientes semiáridos, que cobrem cerca de 40% do planeta.

Principais fontes

Hanisch, A. L., Pinotti, L. C. A., Lacerda, A. E. B. de, Radomski, M. I., & Negrelle, R. R. B. (2021). Impactos do pastejo do gado e do manejo da pastagem sobre a regeneração arbórea em remanescentes de Floresta Ombrófila Mista. Ciência Florestal, 31(3), 1278–1305. https://doi.org/10.5902/1980509837902

Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Por que a economia verde é importante? Disponível em: https://www.unep.org/explore-topics/green-economy/why-does-green-economy-matter Acesso 20/06/2022.

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