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Notícias da Plataforma / 17/04/2023

Evento aponta oportunidades para agricultura de baixo carbono

Na reunião da Plataforma de Ação pelo Agro Sustentável foram apresentados programas e projetos de saúde do solo e recuperação de pastagens

A conservação dos solos é atribuída, em geral, aos órgãos de gestão da agricultura, pois a erosão pode levar à perda de nutrientes e de capacidade produtiva. Porém, muitos especialistas no tema acreditam que empresas, ONGs e sociedade também podem trabalhar pela preservação dos solos. 

Um evento realizado no dia 13 de abril para discutir a “Saúde do Solo e Recuperação de Pastagens: Oportunidades para Agricultura e Pecuária de Baixo Carbono” reuniu presencialmente na sede da Mosaic Fertilizantes do Brasil, em São Paulo, importantes personalidades que trabalham em prol das boas práticas em relação ao solo e pastagens. Essa foi a 2ª Reunião da Plataforma pelo Agro Sustentável, movimento do Pacto Global da ONU, com apresentação e mediação de Antonio Meirelles, Diretor de Relações Governamentais e Sustentabilidade da Mosaic, que mediou os painéis, e Alexander Rose, Gerente Sênior de Meio Ambiente do Pacto Global da ONU no Brasil. 

Os painelistas foram: Fernando Cesário, especialista em carbono na The Nature Conservancy (TNC) Brasil, Iêda de Carvalho Mendes, pesquisadora da Embrapa Cerrados, coordenadora da capacitação de 80 laboratórios comerciais de análise de solo,  Márcio Stoduto de Mello, coordenador técnico estadual da EMATER – MG, especialista em solos e manejo de dejetos animais e resíduos vegetais, fertirrigação com biofertilizantes, e tratamento do esgoto doméstico rural por meio de TEvap – Tanque de Evapotranspiração, e Erica Pereira, supervisora de sustentabilidade, cacau e chocolate da Cargill Brasil. Houve também uma apresentação do time comercial da Mosaic Fertilizantes.

A professora Iêda de Carvalho Mendes trouxe para a reunião a sua grande experiência com bioindicadores, pois está à frente do desenvolvimento da tecnologia de bioanálise de solo (BioAS) da Embrapa. Ela explicou como funciona e a quem se dirige, especialmente às culturas anuais. A agregação de duas enzimas do solo (associadas aos ciclos do enxofre e do carbono) às análises de química de solos é a base da BioAS. Com ela, o agricultor brasileiro pode monitorar a saúde de seu solo, sabendo exatamente o que avaliar, porque avaliar, como avaliar, quando avaliar e principalmente, como interpretar o que foi avaliado. A professora coordena desde 2019 a capacitação de 80 laboratórios comerciais de análise de solo que constituem a Rede Embrapa de Bioanálise de Solos (Rede Embrapa de BioAS). 

 

Fernando Cesário falou sobre a importância do mercado de carbono e da agricultura regenerativa para recuperação de pastagens. E detalhou o Projeto Reverte, que em suas palavras é um guia para recuperação de solos degradados que possui, inclusive, uma linha de crédito, demonstrando que soluções financeiras atreladas a critérios agronômicos são um dos caminhos viáveis. A parceria entre a The Nature Conservancy (TNC) e a Syngenta, que é o Projeto Reverte, lançado em 2019, toma como base a Pecuária e Agricultura Regenerativa. E pretende demonstrar a viabilidade econômica da recuperação de pastagens degradadas em detrimento da abertura de novas áreas para cultivo, assim evitando o desmatamento. O projeto quer desenvolver a recuperação de pastagens do Cerrado levando em conta os benefícios de conservação do solo e da água para melhorar a produtividade e reduzir as emissões de carbono, entre outros fatores benéficos. Os principais pontos do Reverte são: sistemas agronômicos; soluções financeiras; o engajamento dos setores público e privado; e modelos de negócios. O projeto está atuando em três regiões principais do Cerrado: Goiás, Maranhão e Mato Grosso. 

“As políticas públicas são importantes, mas as empresas também precisam e podem ajudar”, reforçou, complementando que é preciso simplificar e facilitar o acesso à informação. Fernando acredita que ainda é preciso ter mais dados para ter certeza nas estimativas vigentes. “Temos que difundir a tecnologia”, completa.  

 

Márcio de Mello, da EMATER – MG, trouxe para o encontro uma apresentação sobre o seu trabalho para orientar os produtores rurais sobre como prevenir e combater a poluição e contaminação dos solos pelos dejetos bovinos, conseguindo com isso aumentar a produtividade do solo, da pastagem, e ainda conseguirá fazer a preservação deste solo contra a erosão. Inicialmente, mostrou números do Estado de Minas Gerais em relação aos setores do agronegócio e percentuais de cada um deles que são dominados pela agricultura familiar. Dos mais de 600 mil estabelecimentos entre pecuária, produção florestal, horticultura, pesca, aquicultura, produção de sementes etc, quase 74% estão sob a responsabilidade da agricultura familiar. Ele também mostrou como a esterqueira para dejetos líquidos bovinos funciona e explicou que esse é um trabalho de extensão rural, levando as informações aos produtores para que entendam o valor da tecnologia e a adotem. Há também um trabalho olhando toda a propriedade dos atendidos, focando na recuperação das áreas de preservação permanente e reserva legal. O coordenador da EMATER- MG concluiu citando os benefícios do manejo de dejetos bovinos. Segundo Márcio, com esse trabalho é possível proteger o solo e os cursos d’água, reduzir gastos com fertilizantes minerais, promover a higienização do curral e com isso contribuir para a qualidade do leite e do queijo. E esclareceu que a esterqueira possui fácil construção, instalação e baixo custo de manutenção.

 

Erica Pereira, supervisora da Cargill, empresa gigante no setor de alimentos, apresentou o trabalho da agrofloresta com a cultura do cacau que está sendo realizado em parceria com a startup de reflorestamento Belterra Agroflorestas no Mato Grosso. O objetivo é restaurar mil hectares de áreas degradadas. Segundo a executiva, isso será possível porque as lavouras de cacau serão implantadas num sistema que mistura as árvores do fruto com outras culturas e vegetação nativa. No total, serão investidos R$ 33 milhões, financiados integralmente pela Cargill, que possui a meta de restaurar 100 mil hectares de áreas degradadas em todo o país. Entre os benefícios apontados por ela estão o sistema integrado e diversificado de espécies com potencial econômico e ecossistêmico; a agrofloresta ser considerada no Código Florestal como forma de recuperação florestal; conservação do solo e da água; nutrição do solo e da fauna; maior biodiversidade, enriquecimento de microrganismos; depósito ou absorção de carbono; alteração positiva do microclima e mitigação de passivos ambientais.

Erica também ressaltou que o trabalho desenvolvido com o cacau é uma solução ambiental e fonte de agricultura regenerativa no bioma amazônico. “Criamos ao mesmo tempo oportunidades de trabalho e ainda recuperamos áreas degradadas”. Ela explicou que os produtores rurais das regiões produtoras de cacau recebem orientação de práticas de manejo adequadas e conservação do solo e água, bem como são orientados para fazer a gestão correta de resíduos. A empresa também promove um plano de desenvolvimento das propriedades, para auxiliar os produtores a autoavaliarem seu desempenho. “Nosso objetivo é integrar todos os pontos da cadeia de fornecimento de cacau para obter a máxima transparência, usando inovação com tecnologias digitais de ponta. Temos uma visão integrada da sustentabilidade do cacau e trabalhamos com nossos parceiros em prol de uma causa comum: a prosperidade do setor para as próximas gerações”, destacou a supervisora de Sustentabilidade, Cacau e Chocolate da Cargill Brasil.

No encerramento da 2ª Reunião da Plataforma de Ação pelo Agro Sustentável, a professora Iêda da Embrapa recomendou: “A gente tem que aprender com a maior pesquisadora do planeta, que é a natureza. Temos que reproduzir nos sistemas de produção agrícola o que a natureza faz, temos que imitá-la. É preciso ver na Revolução Verde um processo de aprendizagem. Só soja e milho não dá, é preciso fazer rotação de culturas, não revolver o solo, ILPF…”. A pesquisadora da Embrapa disse que todo o seu trabalho e de sua equipe foi feito em cima da fertilidade do solo, pensando na saúde do solo. E reforçou que a remuneração ao produtor é fundamental, pois produzir comida e serviço ambiental e receber por ambos é um ideal que deve ser buscado.

Erica, da Cargill, reforçou que o foco da empresa é voltado para a inclusão, que é preciso firmar parcerias com ONGs, empresas e governo para melhorarmos os solos e as estratégias de trabalho. A supervisora informou que os produtores de cacau com os quais trabalham também recebem uma remuneração, que é fundamental como incentivo. 

Márcio, da EMATER – MG, também afirmou que os produtores rurais do seu estado que fizeram as esterqueiras receberam pelo trabalho. E declarou: “Acredito que temos que conquistar o produtor, sem obrigatoriedade. Temos que estimular o produtor a manter seu solo saudável. Eu acredito na confiança e na viabilidade tecnológica”. 

Fernando Cesário, da TNC, ressaltou que ainda há muito a explorar em termos de biodiversidade do solo. “Tenho certeza que logo falaremos de créditos de biodiversidade, pois preservar e produzir é possível sim, mas é preciso investimento.”, declarou nos momentos finais da reunião.

O encerramento foi feito pelo mediador do evento Alexander Rose, atendendo ao convite de Antonio Meirelles, que trouxe a conversa de volta para a Agenda 2030 da ONU, focada em três ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), no qual o país se comprometeu no Acordo de Paris a recuperar 2 milhões de hectares até 2030 para frear o aquecimento global. E declarou: “O nosso tema hoje não poderia ser mais pertinente e foi uma ótima oportunidade para conhecer as soluções, seja de agrofloresta, análise de solos, fertilização de bioinsumos, blended finances, recuperação mista de floresta com agropecuária… O Fernando trouxe alguns números, 35 milhões de hectares de áreas degradadas. Então temos uma oportunidade imensa de trabalhar, de melhorar, sou otimista que vamos chegar lá, que vamos avançar cada vez mais na produção de alimentos com preservação ambiental”. E agradeceu aos painelistas e ao público que acompanhou a reunião, convidando a todos para participarem das próximas reuniões e entrarem no site do Pacto Global.

EVENTOS

3ª Reunião Trimestral da Plataforma de Ação pelo Agro Sustentável

O QUE: “Tecnologia no Agro e Rastreabilidade” ONDE: Zoom (Online)

20 de julho de 2023

QUERO SABER MAIS

Brasil Agro Summit

ONDE: World Trade Center (SP) O QUE: Melhorando a Competitividade no Agro: Sustentabilidade, Eficácia [...]

7 de dezembro de 2023

QUERO SABER MAIS

Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio

ONDE: Transamerica Expo Center (SP) O QUE: #OAgroÉDelas O CNMA – Congresso Nacional [...]

25 e 26 de outubro de 2023

QUERO SABER MAIS

FBGA – Fórum Brasil de Gestão Ambiental

O QUE: FBGA – Fórum Brasil de Gestão Ambiental – maior e mais [...]

17 a 19 de outubro de 2023

QUERO SABER MAIS

Expointer 2023

ONDE: Parque de Exposições Assis Brasil, Esteio (RS) O QUE: Um dos eventos [...]

26 de agosto a 3 de setembro de 2023

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GRI Agro 2023

ONDE: SP Hall – Centro de Convenções do São Paulo Corporate Towers, São [...]

09 de novembro

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Agrobit

ONDE: Londrina (PR) O QUE: O AgroBIT Brasil é o maior encontro de divulgação de [...]

07 e 08 de novembro de 2023

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Congresso ANDAV

ONDE: Transamérica Expo Center, São Paulo (SP) O QUE: O encontro nacional da [...]

08 a 10 de agosto de 2023

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Waste Expo Brasil 2023

ONDE: Expo Center Norte, São Paulo (SP) O QUE: A  Waste Expo Brasil [...]

3 a 5 de outubro de 2023

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Feagro 2023

ONDE: Parque de Exposições Huberto Oenning, Braço do Norte (SC)  O QUE: Considerada [...]

06 a 09 de julho 2023

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