PANC é o termo utilizado para se referir às plantas alimentícias não convencionais, elas fazem parte das milhares de espécies vegetais que conhecemos, mas não são habitualmente utilizadas em nossa alimentação diária. O termo PANC foi criado em 2008 pelo Biólogo e Professor Valdely Ferreira Kinupp. Mas, internacionalmente, essas plantas são conhecidas pelos termos NUS (Neglected and Underutilized Species) que significa Espécies Negligenciadas e Subutilizadas ou EWP (Edible Wild Plants) que significa Planta Selvagem Comestível.
As plantas alimentícias não convencionais, geralmente, são rústicas, propagadas por mudas ou sementes. Elas são pouco afetadas por pragas e doenças e se adaptam bem ao clima de suas regiões de origem. Além disso, elas crescem espontaneamente. E são campeãs em absorver nutrientes. Tudo isso faz dessas hortaliças alimentos de fácil cultivo.
As PANCs são, habitualmente, cultivadas na agricultura familiar. São parte da cultura, da identidade de pequenas comunidades tradicionais. E, geralmente, se destinam ao consumo próprio, sem fins lucrativos. Por isso são, muitas vezes, chamadas de hortaliças tradicionais.
Quer saber quais são as PANCs mais comuns?
- Amaranto
- Capuchinha
- Chuchu-de-vento
- Fisális
- Mangarito
- Vinagreira
- Taioba
- Caruru
- Jambu
- Ora-pro-nóbis
- Peixinho
Além dessas, tem outras! E muitas delas estão presentes em diversos pratos tradicionais a ponto de ser regionalmente consideradas convencionais, como é o caso do jambu, um ingrediente indispensável em pratos típicos para os paraenses, como o Pato no Tucupi e o Tacacá. Por isso, cultivar PANCs também é uma forma de resgatar ou até mesmo conhecer a história e a cultura de uma região.
Alimentos que unem saúde à tradição!
Nós nos alimentamos pensando sempre no nosso conhecimento sobre o que é mais saudável, nutritivo, e que poderá nos beneficiar. Afinal, quem não busca uma alimentação que nos ajude a ter saúde, não é mesmo?
Há pouco tempo, juntou-se ao saudável o sustentável. Afinal, todos queremos garantir um mundo mais vivo, preservando o meio ambiente. Para muita gente, esse é um valor essencial na hora de escolher o que comer.
E você pode ter certeza que não há muita variedade de nutrientes em alimentos semi prontos ou processados. E consumi-los, além de não fazer bem ao corpo, também é uma atitude que nos distancia do conhecimento tradicional sobre a vida no campo e de hábitos alimentares que auxiliam na prevenção de doenças.
Variar o cardápio abre nossos horizontes. Para isso, a inserção de PANCs na nossa alimentação, na agricultura e na indústria só vai nos ajudar a mudar o nosso padrão de consumo, melhorar a qualidade nutricional e preservar a biodiversidade.
As plantas alimentícias não convencionais, geralmente, são rústicas, propagadas por mudas ou sementes. Elas são pouco afetadas por pragas e doenças, bem adaptadas ao clima de suas regiões de origem, possuem crescimento espontâneo e são caracterizadas por apresentarem eficiência na absorção de nutrientes. Essas qualidades, portanto, as enquadram como hortaliças de fácil cultivo.
PANCs NÃO são ervas daninhas!
As PANCs poderiam fazer parte do nosso cardápio de consumo diário. Só que por falta de conhecimento, muita gente acha que elas podem ser ervas daninhas. E aí, são tidas como mato e ignoradas. Mas essas plantas são alimentos que não fazem parte dos costumes de muita gente, mas nem por isso, possuem menor valor alimentar. Quando consumidas, elas garantem a segurança alimentar e nutricional de todos e também favorecem a autonomia de muitas famílias.
Em sua maioria, as PANCs são alimentos funcionais, com altos valores nutricionais, fontes de vitaminas, fibras e minerais. Elas podem ser tão nutritivas ou até mais nutritivas que os alimentos que consumimos diariamente. Diversos pesquisadores confirmam que muitas hortaliças não convencionais (as PANCs) apresentam elevado teor de proteína de boa digestibilidade, ou seja, mais fáceis de ser digeridas, como o caruru e o ora-pro-nóbis.
As qualidades dessas plantas vão além dos seus valores nutricionais. Com o interesse crescente da gastronomia pela união do nutricional com o ornamental, elas também são muito procuradas pelo mercado gourmet. É o caso das flores comestíveis das Capuchinhas que fazem com que o prato seja mais atraente visualmente e com valores nutricionais. A fisális (Physalis pubescens L), também conhecida como capota, camapu entre outros nomes, é mais um bom exemplo. Seu fruto maduro é uma baga globosa de coloração alaranjada, com sabor doce e levemente ácida. É um alimento de baixo valor calórico e boa quantidade de fibra alimentar, muito utilizado na decoração de bolos e saladas, mas também para produção de sucos, geleias e conservas.
O aumento do consumo das PANCs, além de diversificar e enriquecer nossos pratos, pode favorecer a melhora da condição nutricional em áreas urbanas e rurais que se encontram em condições de pobreza. Sem falar que as PANCs têm se mostrado como uma alternativa para a preservação da biodiversidade, contribuindo para a manutenção da flora nativa brasileira, resgate da ancestralidade e cultura, subsistência de comunidades rurais, crescimento de pequenos produtores, da agricultura familiar e da economia local.
A popularização das PANCs, assim como o desenvolvimento de tecnologias para aumentar seu consumo, representa uma forma de desenvolvimento sustentável, podendo reduzir o desperdício de alimentos, combatendo a fome e ampliando a oferta de produtos funcionais.
As PANCs de volta ao campo e à mesa
Ações promovidas por pesquisadores de órgãos públicos e privados pretendem resgatar a cultura e o hábito de consumo de PANCs. É o caso da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), que buscam realizar levantamentos de espécies que possam ser incorporadas na dieta alimentar, e com isso incentivar o consumo desses alimentos, tornando a alimentação mais variável e nutritiva.
A Embrapa Hortaliças também mantém uma coleção de PANCs e vem trabalhando junto a outros órgãos para promover seu cultivo e consumo. A iniciativa visa enriquecer a dieta alimentar, diversificar a produção nos quintais e aumentar as oportunidades de renda para produtores rurais familiares.
Onde encontrar
Você deve estar se perguntando se pode ter acesso a essas plantas. Pois saiba que podemos encontrar PANCs dentro das nossas casas como plantas ornamentais. Tem gente que possui cercas vivas de ora-pro-nóbis sem saber que ela é uma planta comestível, inclusive reconhecida como rica fonte de proteína.
Uma maneira de conseguir informações sobre PANCs é procurando uma instituição pública de extensão rural do seu estado. É muito comum encontrar, na área de assistência técnica, profissionais que trabalham com as hortaliças tradicionais, e que por isso, podem encaminhar as pessoas interessadas para algum produtor que cultiva essas espécies.
A EMBRAPA também fornece uma lista de curadores das hortaliças PANC que podem auxiliar na busca por sementes e mudas dessas plantas. A iniciativa pode ajudar na troca de informações, doações ou troca de mudas, ou ainda para saber onde encontrá-las. Também é possível usar redes sociais, como os grupos de Facebook e perfis de Instagram, para procurar informações sobre PANCs. Essa é uma forma de encontrar pessoas e instituições que trabalham com essas plantas.
Mas atenção: é importante dizer que para cultivar e consumir uma PANC é preciso realizar a identificação correta da planta, estudar suas características, usos culinários e formas de preparo.
Para conhecer muitas das plantas não convencionais existentes, a EPAMIG preparou uma cartilha com algumas das principais PANCs cultivadas no Brasil. Nela, você pode conhecer várias PANCs, aprender mais sobre o seu cultivo, consumo e receitas. Clique aqui para fazer o download!