Um relatório lançado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), o Relatório Global sobre Recursos Hídricos, no mês de novembro, mostrou que o mundo esteve mais seco do que o habitual em 2021. Esta mudança, segundo o estudo, impactou negativamente a economia, os ecossistemas e a vida da população ao redor do mundo.
Apontando situações específicas, a pesquisa mostrou que o déficit hídrico de 2020 no Irã, Iraque e Síria foi intensificado por uma seca no inverno de 2020/2021, limitando ainda mais a reposição dos recursos hídricos antes do verão. Isso resultou em uma seca que afetou 4,8 milhões de pessoas no Irã, e até 12 milhões no Iraque e na Síria.
Para o continente africano, a seca foi intensa em 2020 e afetou diretamente a produção de alimentos em 2021. Isso porque as chuvas que costumam ser intensas no final do ano e melhoram as condições para o ano seguinte não foram o suficiente para a necessidade hídrica da região.
Outro relatório publicado também neste ano pela Organização das Nações Unidas (ONU) mostrou que a seca piorou no mundo. De acordo com o documento da Convenção da ONU para Combate à Desertificação (UNCCD), desde o ano 2000, houve aumento de 29% na duração e frequência da seca ao redor do planeta.
As razões para o dado alarmante variam, mas estão principalmente relacionadas às mudanças do clima, à degradação do solo e ao desmatamento.
Além disso, o estudo mostrou que as secas representaram 15% dos desastres naturais que ocorreram entre 1970 e 2019. Durante este período, aproximadamente 660 mil pessoas morreram por conta da seca. Assim, o mundo se depara com um estresse hídrico (situação em que a demanda pela água é menor que a oferta) que atinge 25% da população mundial.
Além dos resultados negativos que já estão aparecendo, o relatório aponta que o futuro também pode ser preocupante.
Caso não ocorram mudanças efetivas para a redução da emissão de gases de efeito estufa, combate ao desmatamento e recuperação dos ecossistemas, 700 milhões de pessoas poderão estar sujeitas à necessidade de migração por conta da seca até o final desta década.
E ainda mais para a frente, mas em um futuro próximo, em 2050, mais de ¾ das pessoas em todo o planeta poderão ser impactadas pela seca, com uma parcela desta população enfrentando escassez hídrica por pelo menos um mês todos os anos.
Com isso, os dois relatórios mostram o agravamento da escassez de água ao redor do mundo e a tendência de piora nos próximos anos.