Em tempo de insegurança alimentar mundial, torna-se muito importante aumentar a informação precisa e correta sobre o que é e o que não é verdadeiro em termos de alimentação e saúde.
Segundo o relatório “O Estado de Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo” (State of Food Security and Nutrition in the World – SOFI), sobre a situação da segurança alimentar e da nutrição em todo o mundo, são necessárias maneiras pelas quais os governos possam reformular seu apoio atual à agricultura para reduzir o custo de alimentações saudáveis, estando atentos aos recursos públicos limitados disponíveis em muitas partes do mundo.
Para auxiliar produtores rurais e consumidores a entender o que é falso e o que é verdadeiro em termos de alimentos que podem fazer bem à saúde, buscamos no departamento de nutrição do Ministério da Saúde informações científicas e validadas pelos profissionais da nutrição, essenciais para que possamos aproveitar cada vez mais o que é produzido, no campo, nas lavouras, para combater a fome, as doenças e a insegurança alimentar no mundo todo.
MITO 1 – LÍQUIDOS NAS REFEIÇÕES
Sim, é verdade, segundo estudo realizado pelo Ministério da Saúde. Mas calma, dá pra resolver esse problema se a gente tomar líquidos em quantidades moderadas (até um copo americano). Tem gente que consome líquidos durante a refeição para facilitar a deglutição, não mastigando completamente os alimentos. Isso não faz bem, pois é muito importante fazer a mastigação adequada para garantir a saciedade, a boa digestão dos alimentos e a absorção de nutrientes.
Concluindo: deve-se evitar líquidos durante as refeições principais, mas se você não conseguir evitar, prefira água. O consumo de líquidos adoçados, como refrigerantes, sucos e refrescos, junto com outros alimentos, pode aumentar a absorção das calorias da refeição. Os sucos de frutas naturais sem ou com pouco açúcar também podem ser consumidos, de preferência feitos com frutas ricas em vitamina C, como acerola, laranja, limão, goiaba, caju, mamão, kiwi, entre outras.
MITO 2 – LACTOSE E GLÚTEN
As dietas sem glúten e sem lactose são recomendadas para pessoas que têm doença celíaca e intolerância à lactose, respectivamente. Ou seja, quem é celíaco tem intolerância permanente ou alergia ao glúten, uma proteína encontrada em cereais como trigo, centeio e cevada e seus subprodutos. Para tratar a doença, recomenda-se uma alimentação isenta desta proteína por toda a vida. Por isso, somente para estas pessoas, o consumo do glúten provoca inflamação no intestino, além de outros efeitos colaterais, podendo até impedir a absorção de nutrientes. Já a intolerância à lactose é caracterizada pela deficiência na produção da enzima lactase, necessária para a digestão da lactose.
E o que é a lactose? É o açúcar contido no leite e nos seus derivados. Na deficiência dessa enzima, a lactose passa a ser fermentada no intestino, causando sintomas indesejáveis, como diarreia e distensão abdominal. Existem vários graus de intolerância à lactose. Talvez por isso, muitas pessoas não se sintam bem ao comer queijos, manteiga e beber leite. Cada vez mais vem se disseminando a discussão sobre uma possível inflamação intestinal causada pelo glúten e pela lactose em pessoas que não apresentam a doença celíaca e não são intolerantes à lactose. Mas até o momento, não existem pesquisas conclusivas que sustentem a recomendação de exclusão do glúten ou da lactose da alimentação habitual de pessoas saudáveis.
MITO 3 – CHOCOLATE, CHOCOLATE…
Tudo depende da quantidade e do tipo de chocolate que você come. Ele é feito com cacau, com o pó e a manteiga do fruto, extraídos das sementes. Tem alto teor de açúcar refinado. Em alguns produtos são acrescentados ainda óleos vegetais. Há quantidade significativa de gorduras saturadas e monoinsaturadas, provenientes da manteiga de cacau. Outros componentes presentes no chocolate são as substâncias antioxidantes.
O chocolate branco é feito basicamente de manteiga de cacau, leite e açúcar, e não apresenta cacau, sendo este o tipo com maior teor de gordura saturada, açúcar e calorias. O chocolate ao leite é um alimento de alto valor calórico, que contém grandes quantidades de gorduras saturadas e açúcar. Já os chocolates do tipo meio amargo e amargo apresentam menor quantidade de leite, gordura e açúcar e maior quantidade de cacau, conferindo maiores teores de substâncias antioxidantes e menor valor energético, quando comparados ao chocolate ao leite.
Vale lembrar que o consumo de açúcares simples não deve passar de 10% da energia total diária. Por isso, a principal indicação é comer chocolate e outros doces de vez em quando, esporadicamente (uma ou duas vezes por semana), em pequenas quantidades.
MITO 4 – SUCO DE FRUTAS
O consumo de sucos tem aumentado no Brasil, tanto os sucos obtidos a partir das frutas e hortaliças in natura quanto os industrializados. Mas, os sucos industrializados ou bebidas à base de frutas, como os néctares, possuem açúcares ou adoçantes artificiais, conservantes, corantes, aromatizantes. E por isso, devem ser evitados.
A preferência e aumento do consumo dos sucos naturais tem muito a ver com o “ser saudável”, pois ao se pensar em frutas, há sempre o valor nutricional para a nossa alimentação, com o aumento do consumo de vitaminas e minerais. Apesar do suco natural ser uma boa estratégia para facilitar a ingestão adequada das frutas, ele tem menor teor de fibras do que as frutas, e isso pode aumentar o índice glicêmico de quem o consome. Bater as frutas no liquidificador é o método mais recomendado de processamento, pois o suco ou vitamina rende mais e mantém um teor de fibras maior se for comparado ao suco feito com processadores, do tipo centrífuga, que utilizam peneira fina.
A dica é beber o suco logo depois de fazê-lo, e sem coar.
MITO 5 – BEBER CAFÉ
O café é uma das bebidas mais consumidas no Brasil e no mundo. E há sim vários estudos que investigam as consequências do seu consumo para a saúde, desde aumento da pressão arterial, níveis de colesterol sanguíneo a efeitos mais positivos, como proteger contra doenças cardiovasculares e estimular o metabolismo.
Os efeitos do café no organismo, assim como alguns tipos de chás, são derivados de substâncias bioativas como a cafeína, estimulante do sistema nervoso e do músculo cardíaco; alguns ácidos que possuem atividade anticancerígena e propriedades antioxidantes. O teor de cafeína do café varia dependendo do tipo de grão, do solo em que ele foi plantado.
Sem dúvida, o café é uma bebida estimulante, mas o seu consumo excessivo pode levar à insônia, à taquicardia, à hiperatividade, entre outras consequências que dependem, diretamente, da quantidade consumida e das características individuais de quem está consumindo a bebida. Estudos apresentam resultados divergentes sobre o consumo de café e o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Um deles, por exemplo, mostrou que a ingestão de três a cinco xícaras ao dia levou a menor risco de doenças cardiovasculares, enquanto o consumo acima disso não apresentou risco de doenças. Em outros estudos, a idade dos indivíduos, sendo que em alguns trabalhos o consumo superior de café relacionou-se ao desenvolvimento de doenças.