Sem a nossa cooperação como consumidores, a agricultura familiar não tem futuro, principalmente aquela que produz com bases agroecológicas. Muitas das atividades realizadas pelos pequenos produtores são pouco valorizadas, condicionadas a salários baixíssimos e ainda carecem de mão de obra, devido à migração da juventude para as cidades.
Como forma de apoio a esses agricultores e à manutenção da produção local, a CSA apresenta uma prática de sucesso para um desenvolvimento agrário sustentável, permitindo um escoamento de alimentos frescos e orgânicos diretamente ao consumidor. Esse processo cria uma relação próxima entre quem cultiva e quem se alimenta.
Quer saber mais sobre esse assunto e compreender como funciona a CSA? Continue lendo este texto.
Mas o que significa CSA?
CSA é uma sigla do inglês Community Supported Agriculture, ou Comunidade que Sustenta a Agricultura, em português. É um movimento mundial organizado pela sociedade civil e representa um trabalho conjunto entre agricultores de alimentos orgânicos, agroecológicos e consumidores.
Funciona da seguinte maneira: um grupo fixo de consumidores se compromete por um ano, em geral, a cobrir o orçamento anual da unidade agrícola que cultiva o alimento, seja um sítio, chácara, fazenda ou terreno urbano agricultável. Em contrapartida os consumidores recebem os alimentos cultivados pela unidade sem outros custos adicionais. Assim, o agricultor sem a pressão do mercado e do preço, consegue se dedicar de forma livre ao cultivo. E os consumidores recebem alimentos de qualidade, conhecendo quem os cultiva e onde são cultivados. Os consumidores que possuem esse papel de corresponsabilidade passam a ser conhecidos numa CSA como coagricultores, ou seja, tornam-se parceiros dos agricultores, numa relação de apreço.
Seus princípios são impulsionados no mundo todo
A CSA possui alguns princípios, onde cada um deles apresenta a ideia do que é uma CSA em qualquer lugar do mundo. Dentre eles, o apreço, onde o consumo de alimentos deixa de ser visto como um comércio, mas sim um ato de ajuda mútua e coletiva entre produtores e coagricultores, servindo às necessidades uns dos outros. A distribuição é independente, onde na maioria das vezes os próprios agricultores realizam esse transporte e a partilha dos alimentos é comumente realizada pelos próprios coagricultores.
A ideia é sempre manter escala apropriada e fortalecer economia local, assim os agricultores irão cultivar alimentos de qualidade para uma quantidade limitada de coagricultores.
Outro princípio é a diversificação de cultivo, pois com um apoio frequente e ininterrupto por parte dos coagricultores, os agricultores possuem maior flexibilidade para explorar toda a potencialidade da terra que está sendo cultivada. Assim não há a necessidade de direcionar a sua produção ao mercado e ao preço do que está sendo praticado.
Tudo isso leva a um sexto princípio que é aceitar os alimentos de época, assim todos conseguem compreender que os alimentos são sazonais, onde há um tempo ideal para cada alimento ser cultivado e colhido. O desenvolvimento contínuo desta parceria também proporciona o aprofundamento das relações de amizade entre agricultores e coagricultores.
O princípio da estabilidade traz a ideia de que é importante que todos saibam que no início de uma CSA nem todos os princípios anteriores poderão ser atendidos, mas que a um médio e longo prazo ela possa se fortalecer e manter o equilíbrio de sustentação.
Para o funcionamento de todo o coletivo, é realizada a gestão compartilhada entre um grupo composto pelo agricultor e por alguns coagricultores, desempenhando atividades essenciais. Assim, ao estabelecer relações de proximidade entre o campo e cidade e os entes envolvidos, agricultores e coagricultores passam a descobrir a riqueza de conhecimento que cada qual tem, no princípio da aprendizagem mútua.
CSA e o desenvolvimento sustentável
O conceito e os princípios da CSA estão alinhados com a maioria dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. De maneira geral, esse movimento de fortalecimento da agricultura familiar e colaboração mútua contribui com a diminuição da pobreza; agricultura sustentável; saúde e bem-estar das pessoas; trabalho decente e crescimento econômico; educação de qualidade; cidades e comunidades sustentáveis; consumo e produção responsáveis; reduzindo perda e desperdício de alimentos; e ainda promove vários benefícios ao meio ambiente com suas bases agroecológicas de produção.
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