Você sabe que o Brasil produz muitos e diversos grãos, frutas, hortaliças e legumes. Produtos nativos ou exóticos são cultivados em várias regiões do país. Mas é triste perceber que, mesmo com esse menu cheio de saborosas opções (e antes da crise causada pela pandemia), já estávamos vivendo com pouca variedade de alimentos no prato.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a compra de alimentos básicos como arroz, feijão e farinha de mandioca, bem como de frutas e hortaliças, tem ocupado menor lugar nas despesas das famílias. E, na contramão do que seria bom para a nossa saúde, o consumo dos alimentos processados e prontos para consumo como pães, embutidos, biscoitos, refrigerantes e refeições prontas, só cresce. O efeito pandemia acabou revelando que estamos consumindo menos alimentos saudáveis. Entre os entrevistados, 44% contaram que diminuíram a compra de carnes, 40,8% a de frutas, 40,4% a de queijos e 36,8% a de hortaliças e legumes. Números difíceis de digerir, não é?!
400 gramas por dia de frutas e hortaliças
Uma alimentação saudável significa montar refeições diárias com alimentos variados. Cada grupo de alimentos tem sua importância para a saúde. Os legumes, verduras e frutas têm um baixo valor de energia e uma riqueza muito grande de nutrientes na composição. Por isso, a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que o consumo diário de frutas e hortaliças seja de 400 gramas. Os cereais (grãos e leguminosas como arroz, feijão, milho, grão de bico, lentilha) também precisam fazer parte da alimentação, especialmente pela riqueza de fibras e micronutrientes (vitaminas e minerais).
E alimentação saudável também significa diferenciar os pratos! Mas a variedade de alimentos, como conhecemos hoje, nem sempre foi uma realidade. A dieta dos nossos antepassados era representada por opções de grãos, carnes, frutas e legumes. À medida que a agricultura foi se desenvolvendo, tudo também foi mudando na vida das pessoas. Quanto mais alimento, mais saúde, número de filhos e prosperidade de uma civilização.
Para melhorar as chances de sobrevivência, o ser humano foi aperfeiçoando as técnicas para produção de alimentos. E, como consequência, surgiram grandes cidades. O intercâmbio cultural foi trazendo novas opções e maneiras de preparar os alimentos. Por isso, dizemos que a comida guarda um registro antropológico vivo. Fácil entender quando observamos que uma receita é resultado de histórias de comunidades inteiras, de suas relações sociais e de práticas culturais. Afinal, muitos rituais e valores estão diretamente ligados à comida.
Mas, enquanto a globalização contribuiu para que tivéssemos maior distribuição de alimentos e culinárias diferentes, também trouxe problemas alimentares. Problemas que, às vezes, têm outras relações. Por exemplo, em regiões onde não se pode pagar pelas importações, as populações ficam limitadas a ofertas de alimentos e produtos de um certo lugar, resultando em maior consumo de calorias e carência de fontes de todos os nutrientes necessários para uma dieta saudável.