Com o objetivo de compreender a dinâmica do uso do solo no Brasil e em outros países tropicais, em março de 2015, nasceu o Projeto de Mapeamento Anual do Uso e Cobertura da Terra no Brasil, conhecido como MapBiomas. A iniciativa teve o intuito de desenvolver e implementar uma metodologia rápida, confiável e de baixo custo para gerar mapas anuais de cobertura e uso do solo do Brasil a partir de 1985 até os dias atuais (e posterior atualização anual). Por meio de uma parceria com Google Earth Engine, o projeto é orientado para gerar uma plataforma aberta, colaborativa e com possibilidade de aplicação em outros países e contextos.
O MapBiomas é apoiado por uma rede de instituições e empresas, envolvendo especialistas de diversos países, que buscam automação dos processos e geração de informações mais detalhadas sobre o uso da terra no Brasil e em países membros das iniciativas nas quais o projeto participa.
A prevenção contra o desmatamento no Brasil conta também com a ativa participação do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (IMAFLORA), que realiza processos de certificação florestal, verificação de ilegalidade no setor, auditorias, entre outros.
Outras iniciativas como a Moratória da Soja, conduzida por entidades representantes dos produtores de soja do Brasil e os programas Boi na Linha e Soja na Linha conduzidas pelo IMAFLORA, contribuem com acesso a sistemas, ferramentas, dados e informações para uma cadeia produtiva livre de desmatamento.
Apesar do avanço no desmatamento em 2021, quase 98% dos imóveis cadastrados não apresentaram desmatamento nos últimos 3 anos
Em 15 de julho de 2022 o MapBiomas lançou seu último relatório, apontando um aumento de 20% de desmatamento no país no último ano. Considerando o período de 2019 a 2021 o número de imóveis com pelo menos um evento de desmatamento detectado foi de 134.318, representando 2,1% dos imóveis rurais brasileiros. Ou seja, não foi detectado desmatamento nos últimos 3 anos em quase 98% dos imóveis rurais.
O projeto também identificou os principais vetores de pressão do desmatamento, sendo agropecuária, garimpo, mineração, expansão urbana e outros, como pressão pela construção de usinas eólicas e solares.
Prevenção contra o desmatamento na cadeia produtiva da carne com o programa Boi na Linha
Os produtores, a indústria e o varejo, cada um desses elos tem o seu papel para uma cadeia livre de desmatamento. Com o objetivo de alcançar uma pecuária responsável, um programa conduzido pelo IMAFLORA, conhecido como Boi na Linha, reúne esforços de produtores de gado da Amazônia, frigoríficos, redes de supermercados, ministério público e investidores, propondo acesso a sistemas, ferramentas, dados e informações técnicas a fim de atingir esse objetivo.
Dentre os materiais disponíveis na Plataforma Boi na Linha estão as empresas que assinaram compromissos com o Bioma Amazônia, quais dessas empresas foram auditadas, documentos, guias, publicações e notícias sobre a cadeia de fornecimento da pecuária na Amazônia e os compromissos das empresas.
Para aumentar a transparência na cadeia produtiva da carne, o programa procura unificar e atender todos os compromissos existentes, facilitar a implantação de boas práticas de monitoramento e dar transparência à sociedade sobre os esforços na redução do desmatamento. Tudo isso seguindo um protocolo contendo vários critérios como ocorrência de desmatamento ilegal, embargo ambiental, invasão de terras indígenas, cadastro ambiental rural (CAR), entre outros.
Compromissos socioambientais da produção de soja na Amazônia e no Cerrado
Assim como o programa Boi na Linha no Bioma Amazônia, o Projeto Soja na Linha visa o fortalecimento de compromissos socioambientais e políticas corporativas da cadeia de valor da soja na Amazônia e no Cerrado. A plataforma Soja na Linha possibilita acesso a sistemas, ferramentas, dados e informações técnicas para uma cadeia de soja sem desmatamento.
Os objetivos principais do programa são apoiar a implantação da Moratória da Soja na Amazônia, do Protocolo Verde de Grãos do Pará e da cadeia setorial e corporativa da soja sem desmatamento no Cerrado.
Assim como a Moratória da Soja age na exportação do produto diante dos seus signatários, o Protocolo Verde dos Grãos do Pará foi criado para que as empresas envolvidas na cadeia produtiva possam se preocupar com a origem do produto agrícola na Amazônia. Dessa forma elas conseguem determinar se estão adquirindo uma soja produzida com a responsabilidade socioambiental em todas as suas operações, de modo a combater o avanço do desmatamento no estado.
O projeto Soja na Linha conta com uma equipe de especialistas, apoiada por parceiros estratégicos locais e internacionais, que trabalha para desenvolver soluções para a cadeia transparente e livre de desmatamento. A plataforma fornece informações para produtores, indústria, comerciantes e investidores, que auxiliam na implementação de ações de proteção ambiental alinhadas com os compromissos assumidos pelo setor.
O público em geral também pode ter acesso à fonte de dados e recursos disponibilizados na plataforma para acompanhar o andamento dos acordos firmados pela rede.
Certificações estimulam a preservação ambiental
A Certificação FSC®, sigla do inglês Forest Stewardship Council®, é o principal sistema de certificação florestal do mundo. Esse tipo de certificação faz parte de uma das linhas de atuação do IMAFLORA com o objetivo de trazer garantia de origem responsável dos produtos florestais. Ao se certificar, empresas demonstram seu comprometimento com aspectos sociais e ambientais.
Outra área de atuação do Instituto é a Verificação da Legalidade Florestal, onde a cadeia inteira é analisada por meio de um Sistema Due Diligence (SDD) a ser implementado pela empresa. A ferramenta auxilia as organizações a minimizarem os riscos de envolvimento com a produção ilegal de madeira.