Somos considerados o país de maior biodiversidade do planeta, nos posicionando no topo da lista dos 18 países megadiversos do mundo. Isso aumenta nossa responsabilidade diante do desenvolvimento sustentável para preservação de espécies biológicas e manutenção de recursos naturais para as gerações presentes e futuras.

Os números apontados pelo Ministério do Meio Ambiente são impressionantes. O Brasil alcança esse posto por abrigar 20% de toda a diversidade biológica global, com mais de 116 mil espécies de animais e mais de 46 mil espécies de plantas. Seus diferentes climas, com predominância do tropical, favorecem a formação de biomas como Amazônia, onde está a maior floresta tropical úmida do mundo; o Pantanal, maior planície inundável; o Cerrado, com suas savanas e bosques; a Caatinga, composta por florestas semi-áridas; os campos dos Pampas; e a floresta tropical chuvosa da Mata Atlântica.

O clima do país favorece a existências de vários cultivos, o que o torna um dos países mais importantes para a produção e fornecimento de alimentos para o mundo. O uso de tecnologias também favorece sistemas de produção de alimentos mais sustentáveis. Fontes de energia renováveis produzidas no país a partir de biomassa também contribuem com a redução de emissão de gases do efeito estufa (GEE).

Ademais, iniciativas que integram a produção agrícola à igualdade de gênero e à preservação do meio ambiente têm sido foco de várias instituições e a participação das mulheres no agronegócio vem ganhando espaço nos últimos anos.

Produzindo com diversidade para a segurança alimentar

Vários dos desafios propostos pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) podem ser abordados por um país tão biodiverso como o Brasil. Um deles é acabar com a fome, sendo mais especificamente descrito pelo ODS 2, Fome Zero e Agricultura Sustentável. Com sua ampla extensão territorial e clima favorável, o Brasil compõe uma diversidade de produtos agrícolas que vão desde hortaliças, frutíferas, cereais, oleaginosas e produção animal que fornecem proteínas, leite e ovos.

Embora ainda soframos com desafios de distribuição de alimentos no país e no mundo, o Brasil consegue produzir com potencial de abastecer a população e assegurar a segurança alimentar de muitas pessoas que ainda sofrem com o problema da fome e desnutrição.

Modelo de agricultura que preserva por meio de iniciativas e uso de tecnologias sustentáveis

Ainda sobre o ODS 2 que visa promover uma agricultura sustentável, temos que destacar nossos sistemas produtivos como um dos mais sustentáveis que existem. Nossa agricultura de baixa emissão de carbono, promovida principalmente pelo Plano ABC, têm mostrado que fomos capazes de, nos últimos dez anos, evitar a emissão de 170 milhões de toneladas de gás carbônico, e beneficiar 52 milhões de hectares com tecnologias sustentáveis de produção. De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) – ficamos 46,5% além da meta inicial.

Uma das tecnologias incentivadas pelo plano ABC, é a fixação biológica de nitrogênio, onde a substituição do uso de nitrogênio fóssil ocorre por meio de um processo natural de interação planta-bactéria. Um estudo recente apontou que 80% da área plantada de soja no Brasil faz uso dessa tecnologia à base de Bradyrhizobium. De acordo com a pesquisa, a substituição de fertilizantes químicos por microrganismos fixadores de N2 contribui substancialmente para a redução das emissões de GEE. Assumindo que cada quilograma de fertilizante nitrogenado corresponde a cerca de 10 kg de emissões de CO2eq, um dos GEE, aproximadamente 430 milhões de toneladas de CO2eq seriam liberados anualmente se nenhum fixador biológico de N2 fosse utilizado em plantações de soja no Brasil.

A fim de evitar o desmatamento, entidades representantes dos produtores de soja do Brasil fizeram um pacto ambiental que ficou conhecido como Moratória da Soja. A iniciativa tem como objetivo assegurar que a soja, produzida no bioma Amazônia e comercializada pelos seus signatários, esteja livre de desflorestamentos ocorridos após 22 de julho de 2008.

Essas práticas e iniciativas não estão atribuídas apenas ao ODS 2 (Agricultura Sustentável), mas também ao ODS 13, Ação contra a Mudança Global do Clima, já que se adota medidas de redução de emissão de GEE para combater as alterações climáticas e seus impactos; e ao ODS 15 (Vida Terrestre) cujo objetivo é proteger, restaurar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, travar e reverter a degradação dos solos e travar a perda da biodiversidade.

Produtividade atrelada a fontes de energia renováveis

Outro exemplo bem-sucedido de promoção de um desenvolvimento sustentável, que posiciona o Brasil como país de destaque diante das metas globais de preservação é a utilização da biomassa para produção de combustíveis. As condições estabelecidas para esse setor estão intimamente alinhadas às metas do ODS 7 (Energia Limpa e Acessível), de modo a garantir o acesso a fontes de energia viáveis, sustentáveis e modernas para todos.

Os biocombustíveis emitem menor quantidade de GEE por serem produzidos a partir de fontes renováveis como a biomassa, contribuindo também com as metas do ODS 13 supracitado. Além disso, esse tipo de combustível é biodegradável, atóxico e praticamente livre de enxofre e compostos aromáticos, sendo considerado um produto ecológico.

As principais culturas que produzem biomassa para a bioenergia no Brasil são principalmente cana-de-açúcar e milho para produção de etanol e soja para a produção de biodiesel. Essas culturas apresentam alta produtividade devido ao investimento em tecnologias, o que reduz a necessidade de abertura de novas áreas, evitando assim o desmatamento e alinhando-se também ao ODS 15 (Vida Terrestre).

Iniciativas socioculturais que preservam nossas matas

Em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a Embrapa DF vem desenvolvendo via Projeto Bem Diverso, práticas com comunidades locais nos sistemas de produção, que promovem o manejo sustentável com frutas de três biomas brasileiros.

Outra iniciativa que envolve integração nos aspectos sociais e preservação da biodiversidade é o diagnóstico da desigualdade de gênero no acesso à informação sobre restauração, promovido pela WRI Brasil. Esse estudo foi um fator fundamental no planejamento, mobilização e capacitação de mulheres das comunidades sobre sistemas agroflorestais em Juruti, no Pará, criando um movimento pela restauração local. A iniciativa que integra igualdade de gênero, incluindo as mulheres na linha de frente para a preservação, se enquadra no ODS 5, Igualdade de Gênero, no qual se garante a participação efetiva das mulheres nas atividades econômicas, acesso a propriedade e controle sobre a terra e outras formas de propriedade.