Na 1a  edição do “Diálogos Entre Solos” – Semeando Conexões, MARISELMA SABBAG, líder do comitê de agronegócio do Grupo Mulheres do Brasil, recomenda que as empresas ofereçam oportunidades equânimes para mulheres. Mariselma também é produtora de café e faz a sua parte no desenvolvimento e divulgação da participação feminina no agronegócio. Confira a entrevista.

De que forma você vê o protagonismo feminino no agronegócio?

Atualmente a mulher assume seu direito de atuar nos vários setores do agronegócio. Descrevo esse momento como disruptivo, pois a mulher rural ou do setor do Agro, olhou para as oportunidades de carreira e está em contínuo processo de desenvolvimento pessoal e profissional desabrochando e se sentindo realizada profissionalmente. Ainda com alguns obstáculos, mas que serão vencidos ano após ano por sua competência, entrega e busca por capacitação, pois a mulher tem se preparado para atuar dentro e fora da porteira. 

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Em sua apresentação na Primeira Edição dos  “Diálogos do Entre Solos”, você mostrou pesquisas que apontam a valorização da mulher no setor, para 94% dos produtores rurais consultados pela AMBRA. Há alguns anos, não tínhamos esse cenário. A que se deve isso, na sua opinião?

Segundo essa pesquisa da ABMRA a presença da mulher no campo é considerada vital. Dentro da porteira, a atuação da mulher sempre foi fundamental. Há muitos casos onde a mulher é o braço direito, atuando na gestão e governança, área de extrema importância para o sucesso do negócio e muitas vezes assume por experiência adquirida ao longo dos anos, sem fazer um curso ou especialização sobre esse tema. E ela não fica somente dentro do escritório, mas domina todas as áreas da propriedade, manejo, colheita, mas muitas vezes, no momento de comercializar, ainda sente alguma resistência, que  será superada por sua resiliência e persistência de se apresentar capaz de  conduzir também a área financeira. 

Fora da porteira, a mulher tem se destacado no setor por estar preparada para assumir os cargos propostos. E responde à altura do que se espera de um profissional comprometido, que busca sempre se especializar e que está pronto para assumir cargos de liderança no setor.

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Qual o diferencial do trabalho da mulher no campo?

Para assumir as responsabilidades no campo e obter sucesso é necessário conhecimento tanto para homens como para mulheres. E o diferencial vem da capacitação. A mulher tem buscado se especializar no que é cultivado na propriedade, boas práticas e comércio. 

Outro ponto em destaque é o envolvimento feminino com o ESG. Como avalia isso?

A presença da mulher no setor do Agro, nos últimos 10 anos, vem se destacando ao mesmo tempo em que o tema ESG também ganha destaque e foco. E como em todos os encontros e movimentos de mulheres do Agro, como congressos, fóruns e cursos enfatizam a importância de se praticar o ESG, a mulher absorve e coloca em prática. 

“Já sabemos que o Agro brasileiro é líder em produção sustentável entre os grandes países agroexportadores”. É o que informa um estudo do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea). Mas precisamos mostrar mais as práticas sustentáveis para que o próprio brasileiro tenha conhecimento, divulgue e admire o que o Agro faz para a população e pelo Brasil. E as mulheres envolvidas com o agro têm contribuído para a sustentabilidade social com ações de voluntariado, promovendo encontros que tratam a educação e capacitação como ferramenta principal para contribuir com a sociedade no seu desenvolvimento. Sustentabilidade ambiental, gerando essa relação e responsabilidade com nosso ecossistema e governança, capacitando, através de cursos oferecidos em parceria com empresas do setor, para um desenvolvimento econômico sustentável.

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O que falta e o que é preciso fazer para aumentar a atuação feminina no setor? (investimento em capacitação?)

O acesso à capacitação é fundamental. Que vem seguido por oferecer oportunidade ou estar aberto a negociar com mulheres que é uma área onde ainda temos mais resistência. Ter oportunidade em fóruns e encontros que tenham por tema o agro, local normalmente mais frequentado por homens, quando se vai tratar de mercado futuro, bolsa de valor, onde a mulher possa ser ouvida e contribua com sua experiência para alcance de políticas públicas e estudo do mercado de forma geral,  como visão de futuro para o Agro. Fora da porteira, além das oportunidades citadas acima, que, quem está à frente de contratação ou em cargos de liderança, que observem com mais atenção os currículos das mulheres que se candidatam e que haja mais empatia. E não podemos deixar de citar a importância em investimentos, muitas vezes vindo de empresas do setor, nos movimentos onde o foco são as mulheres do Agro, como o Comitê Agronegócio do Grupo Mulheres do Brasil, que atua junto a outros grupos de mulheres para dar visibilidade às causas e trabalharmos para uma sociedade mais justa, sustentável e melhor para se viver hoje e no futuro.