Muitas vezes nem paramos para pensar em como as florestas são essenciais para nossa saúde e bem-estar. Seus produtos estão presentes em vários recursos essenciais do nosso dia a dia, desde um simples copo d’água, nos medicamentos e até mesmo nas construções que nos abrigam.

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), o manejo sustentável das florestas e o uso de seus recursos são essenciais para combater as mudanças climáticas, evitar crises de biodiversidade e contribuir para o bem-estar dos povos. As florestas geram empregos e melhoram as condições de subsistência das populações que vivem nela ou ao redor das matas. 

A organização também nos lembra que as florestas têm um papel importante na redução da pobreza e no cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS). Porém, apesar de todos esses benefícios, o desmatamento global segue em ritmo alarmante.

Com o objetivo de preservar as florestas e seus recursos essenciais ao combate à mudança climática e à subsistência dos povos, as Nações Unidas celebram no 21 de março o Dia Internacional das Florestas. A data é celebrada desde 2012 e possui metas cada vez mais relevantes para aumentar a conscientização sobre a importância de todos os tipos de florestas, incentivar o cultivo e exploração sustentável dos recursos florestais e multiplicar as campanhas de conservação e plantio de árvores pelo mundo.

Fonte de riqueza e geração de bem-estar

Segundo o WFF, a Amazônia, onde está localizada a maior floresta tropical do mundo, abriga um número enorme de plantas e animais existentes, sendo cerca de 40 mil espécies vegetais, 427 mamíferos, 1.294 aves, 378 répteis, 427 anfíbios e cerca de 3 mil peixes da região. Além disso, a vida silvestre da Amazônia abriga cerca de 30 milhões de pessoas. Nessa população, incluem-se mais de 220 grupos indígenas na Amazônia brasileira, além de comunidades tradicionais que dependem dos recursos naturais para sobreviver. Isso representa sua riqueza cultural, social e econômica, sem contar que os conhecimentos tradicionais oferecidos por essas comunidades e pelos povos indígenas são essenciais para a preservação das florestas. Contudo, o extrativismo, a caça, a pesca e o cultivo de plantas anuais e perenes são atividades fundamentais para o bem-estar dessas comunidades e para a conservação da agrobiodiversidade na Amazônia. 

O WRI publicou um artigo sobre a importância das florestas próximas ou distantes na proteção de água para as cidades. Enquanto as florestas mais próximas ou urbanas ajudam na gestão das águas pluviais, protegendo o abastecimento de água nas cidades, as florestas mais distantes originam chuvas em escala regional e global. De acordo com o instituto, as maiores florestas tropicais do mundo, na Bacia Amazônica, na Bacia do Congo e no Sudeste Asiático, desempenham uma função especialmente importante na regulação pluvial. Assim, destaca-se a importância de proteger as florestas para melhorar a qualidade de vida também nas cidades. 

Outros produtos importantes para o nosso bem-estar que se originam das florestas são os medicamentos. A Fiocruz destaca como exemplos de medicamentos da biodiversidade a Aspirina, cujo princípio ativo é o ácido acetilsalicílico extraído do Salgueiro (Salix alba L.) e a Penicilina (Penicillium) originária de um fungo. Além desses, também existem medicamentos oriundos de substâncias animais, como o Captopril, cujo princípio ativo é derivado do veneno da jararaca (Bothrops jararaca).

A nossa agricultura e a preservação florestal

No Brasil, as exigências ambientais são rigorosas tanto para produção agropecuária como para qualquer outra forma de utilização do solo como atividades industriais, mineração, transporte, assentamentos urbanos etc. Cada vez que uma área coberta por vegetação nativa fica exposta a outro tipo de ocupação, é necessário seguir normas estabelecidas pela Lei 12.651 de 25 de maio de 2012, também conhecida como Código Florestal Brasileiro.

Sistemas integrados como agroflorestais (SAFs) e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) também fazem parte de produção que preserva e ainda sequestra carbono, sendo considerados de extrema importância para a contenção da crise climática.  

Produzir sem desmatar também é o objetivo do pacto ambiental feito por entidades representantes dos produtores de soja do Brasil que ficou conhecido como Moratória da Soja. Uma iniciativa que assegura que a soja, produzida no bioma Amazônia e comercializada pelos seus signatários, esteja livre de desflorestamentos ocorridos após 22 de julho de 2008. 

Iniciativas que preservam nossas florestas

O Projeto Bem Diverso vem desenvolvendo práticas com comunidades locais nos sistemas de produção que promovem o manejo sustentável com frutas de três biomas brasileiros. É uma iniciativa da Embrapa DF em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

O combate à desertificação e à seca também é foco das Nações Unidas para transformar terras degradadas em terras saudáveis, assim como a regeneração de pastagens para contribuir com uma economia verde, gerando retornos econômicos e ambientais. 

Todas essas iniciativas podem ser atribuídas a vários dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, o  ODS 2 (agricultura sustentável), que objetiva erradicar a fome, alcançar a segurança alimentar, melhorar a nutrição e promover a agricultura sustentável; também ao ODS 13 (ação contra a mudança global do clima), onde se adota medidas de redução de emissão de GEE para combater as alterações climáticas e seus impactos e o ODS 15 (vida terrestre), onde objetiva-se proteger, restaurar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, travar e reverter a degradação dos solos e travar a perda da biodiversidade.