Meio Ambiente

Meio Ambiente / 09/02/2024

Glitter de carnaval, um brilho que abala os ecossistemas

Microplásticos poderão ser evitados com uso de produtos desenvolvidos de matérias-primas vegetais

Carnaval e glitter andam juntos. Da mesma forma que a dificuldade de remover esses pontos brilhantes do corpo. Afinal, estamos falando de um produto super aderente e feito de plástico revestido com alumínio, dióxido de titânio, óxido de ferro ou outros materiais pintados em metálico. Feito para brilhar e aderir não só à pele, mas a tudo que se aplica. Por isso, não somos os únicos a enfrentar desafios para eliminar esses pontos brilhantes. O glitter entra nos ecossistemas, podendo alcançar os oceanos e por lá permanece por períodos que ainda nem mensuramos.

Em resumo, o problema é o mesmo que ocorre com os microplásticos. Em outras palavras, pedaços de plástico menores que 5 milímetros que podem levar centenas ou milhares de anos para se decompor. E enquanto isso, entram na teia alimentar terrestre e marinha. E se você acredita que esse assunto está muito distante de você, um estudo da Universidade Médica de Viena, sugere que uma pessoa ingere cerca de cinco gramas de microplásticos por semana, ou seja, o equivalente a um cartão de crédito por semana.

Oriundos de diversos tipos de objetos plásticos, o glitter, pelo seu tamanho já reduzido, acaba sendo mais uma fonte de poluição dos ecossistemas. Diante desse risco, pesquisadores vêm desenvolvendo opções ecológicas, biodegradáveis e de brilho natural.

Glitter que vem das plantas é uma alternativa mais consciente

Pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, desenvolveram uma solução a base de celulose , reconhecida como um glitter atóxico, vegano e biodegradável. O produto feito à base de nanocristais de celulose, que podem dobrar a luz de forma a criar cores vivas. Para chegarem nesse produto os pesquisadores extraíram celulose da polpa da madeira, transformando-a em materiais brilhantes e coloridos, que poderiam substituir pigmentos tóxicos em uso em vários produtos de consumo, como tintas e cosméticos.

Sem dúvida, essa nova forma de usar pigmentos e brilhos com celulose é um avanço revolucionário, principalmente para a indústria de cosméticos, que só na Europa, usa cerca de 5 mil toneladas de microplásticos por ano.

Os pesquisadores destacam que qualquer produto vegetal com celulose facilmente extraível pode ser utilizado no processo de confecção do glitter biodegradável, como algodão e cascas de manga, banana e borra de café. Neste caso, como o único ingrediente deste glitter são plantas, o produto acabará sendo biodegradado.

Além do glitter feito a partir da celulose já foram desenvolvidas opções a partir de algas e de mica, um mineral naturalmente encontrado em muitas praias do mundo.

Glitter sempre demanda descarte apropriado

No entanto, não pense que se você usar o glitter biodegradável está liberado de cuidados. Mesmo sendo um produto biodegradável, o descarte correto se faz necessário. O aspecto brilhante como uma escama de peixe pode facilitar a ingestão por parte dos organismos marinhos, causando problemas ecológicos no curto prazo. Essa foi a conclusão do estudo da Anglia Ruskin University, em Cambridge.

Como a agricultura pode apoiar?

A agricultura pode contribuir no desenvolvimento de glitter biodegradável, fornecendo as matérias-primas. Considerando que muitos materiais biodegradáveis usados na fabricação de glitter, como celulose e amido de milho, são derivados de plantas, a agricultura pode fornecer essas matérias-primas, ao cultivar eucalipto, pinheiro, milho, cana-de-açúcar, entre outros.

Sem deixar de dizer que com pesquisa se pode desenvolver novos materiais biodegradáveis e compostáveis que possam ser usados como alternativas ao glitter convencional. Isso pode envolver o estudo de diferentes tipos de plantas, resíduos agrícolas e bioplásticos derivados de fontes renováveis como raízes de mandioca, cana-de-açúcar e amido de milho.

Já sabemos que podemos aproveitar na produção de materiais biodegradáveis muitos resíduos agrícolas, como cascas de frutas, palha, bagaço de cana-de-açúcar, entre outros. A agricultura pode desempenhar um papel na reciclagem desses resíduos para a fabricação de produtos sustentáveis, incluindo glitter biodegradável.

Principais fontes

Principais fontes:

Bioplásticos: o que eles realmente tem de bio? Disponível em: https://profissaobiotec.com.br/bioplasticos-o-que-realmente-tem-de-bio/ Acesso em 07 de fevereiro de 2024.
Ingested microplastics: Do humans eat one credit card per week? Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2666911022000247?via%3Dihub
Large-scale fabrication of structurally coloured cellulose nanocrystal films and effect pigments. Disponível em: https://www.nature.com/articles/s41563-021-01135-8
Microplásticos: principais poluentes dos oceanos. Disponível em: https://www.ecycle.com.br/microplastico/ Acesso em 07 de fevereiro de 2024.
Principais biopolímeros derivados de subprodutos alimentares: uma breve revisão. Disponível em: https://periodicos.ufv.br/jcec/article/download/14711/7494/67645
Sustainable, biodegradable glitter – from your fruit bowl. Disponível em: https://www.ch.cam.ac.uk/news/sustainable-biodegradable-glitter-your-fruit-bowl Acesso em 07 de fevereiro de 2024

Fonte principal: Unsplash

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