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Social / 06/03/2023

A sociobiodiversidade da Amazônia: benefício para todo o planeta

Produtos da biodiversidade junto às comunidades locais compõem a riqueza da Amazônia

Quando falamos em sociobiodiversidade, levamos em consideração a importância de uma relação positiva e duradoura entre o homem e o meio ambiente. E nada melhor do que observarmos a Amazônia para compreendermos esse assunto. 

Sabemos que o bioma Amazônia abriga a maior floresta tropical do planeta, possuindo riqueza de recursos naturais e vasta biodiversidade. Esse cenário prevalece até hoje porque os povos que ali viveram e ainda vivem cumpriram o seu papel de extrair dela o seu sustento sem prejuízo aos recursos naturais e todas as formas de vida que fazem desse bioma um dos locais de maior biodiversidade do mundo. 

Essa característica que observamos nas matas e florestas da Amazônia é fruto de um manejo que perdura há milhares de anos, principalmente pelos povos originários.

Hoje em dia, com conhecimentos ancestrais e auxílio da tecnologia, povos indígenas e outras comunidades tradicionais produzem alimentos para garantir sua qualidade de vida e gerar ainda mais biodiversidade, beneficiando todo o planeta. É o que conhecemos hoje como produtos da sociobiodiversidade

Alimentos que vem das florestas

Já somos familiarizados com muitos dos produtos da sociobiodiversidade pois são comercializados nacionalmente e até mesmo internacionalmente. É o caso do açaí, do cacau, do palmito, da castanha-do-pará, da farinha de mandioca e outros. E, existem aqueles que possuem consumo mais restrito a determinadas regiões  e chegam a ser classificados como plantas alimentícias não convencionais (PANCs), que é o caso do jambu, um ingrediente indispensável em pratos típicos para os paraenses, como o Pato no Tucupi e o Tacacá, mas não é amplamente comercializado nas demais regiões do país.

sociobiodiversidade

Um estudo divulgado em  2021 pela The Nature Conservancy (TNC), sobre a  Bioeconomia da Sociobiodiversidade no Estado do Pará, calculou a importância econômica das cadeias de valor de 30 produtos da sociobiodiversidade, incluindo açaí, palmito, castanha-do-pará, murumuru, bacuri, murici, piquiá e outros. As análises mostraram que, em 2019, no Pará, os 30 produtos estudados geraram uma renda total de R$ 5,4 bilhões e 224 mil empregos.  Cerca de um terço do valor arrecadado, R$ 1,9 bilhão, representa a renda destinada diretamente aos povos indígenas, comunidades tradicionais e agricultores familiares, que compõem a produção rural local. 

Muitos dos alimentos da Amazônia vêm das águas 

Nesse bioma está presente a bacia amazônica, que concentra a maior biodiversidade de peixes de água doce do mundo. São aproximadamente 3 mil espécies descritas. 

De acordo com a The Nature Conservancy (TNC), o ecossistema aquático da região fornece água e alimentos para 34 milhões de pessoas que vivem na região, sendo 380 diferentes povos indígenas. 

São vários os recursos pesqueiros explorados como os bagres, o dourado, piramutaba, matrinxã, tambaqui e o pirarucu. A pesca artesanal garante renda, empregos e segurança alimentar para muita gente da região. Além disso, é um estilo de vida onde as atividades de pesca, processamento e comercialização são compartilhadas entre membros da família. O pescado, principalmente o pirarucu, fortalece o desenvolvimento econômico dos povos e comunidades tradicionais no Sul do Amazonas. 

sociobiodiversidade pescado

Iniciativas de incentivo à sociobiodiversidade

A Política de Garantia de Preços Mínimos para Produtos da Sociobiodiversidade (PGPM-Bio) tem como objetivo garantir um preço mínimo para produtos extrativistas que ajudam na conservação dos biomas brasileiros,  gerando mais renda ao extrativista por meio de subvenção, fortalecendo o desenvolvimento econômico e social das populações tradicionais. Além disso, visa reduzir o desmatamento, equilibrar o clima e proteger o meio ambiente. 

Um exemplo disso é a inclusão do pescado de pirarucu na lista integra PGPM-Bio, junto com outros produtos da sociobiodiversidade, como o açaí, a castanha e o cacau. Na safra de 2021 na Resex Médio Purus- localizada entre os municípios de Pauini e Lábrea, o incentivo contribuiu para gerar renda para os mais de 181 pescadores.

Pensando em dar visibilidade para esses produtos, foi lançado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), o “Catálogo de Produtos da Sociobiodiversidade do Brasil”. A publicação apresenta produtos provenientes de populações tradicionais de unidades de conservação no país. Para acessar o catálogo, clique aqui

Outra iniciativa com o objetivo de incentivar o consumo de produtos da sociobiodiversidade e estimular uma alimentação saudável e nutritiva em escolas públicas do Norte do Brasil, foi lançado em 2020 o livro “Amazônia à Mesa”. A publicação elaborada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Cooperação Técnica Alemã pelo Desenvolvimento Sustentável (GIZ) com apoio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) conta com mais de 40 receitas que destacam a culinária da Amazônia.

Principais fontes

Principais fontes:
Compêndio de Estudos Conab V.25, 2020. Sociobiodiversidade Interação do Homem, Mercado e Natureza. Disponível em: https://www.conab.gov.br/institucional/publicacoes/compendio-de-estudos-da-conab/item/14134-compendio-de-estudos-da-conab-v-25-sociobiodiversidade-interacao-do-homem-mercado-e-natureza Acesso em: 01 fev. de 2023.
Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Amazônia à mesa. Disponível em: https://www.fnde.gov.br/index.php/programas/pnae/pnae-area-gestores/pnae-manuais-cartilhas/item/13262-amaz%C3%B4nia-%C3%A0-mesa Acesso em: 01 fev. de 2023.
PORTARIA INTERMINISTERIAL MAPA/MMA Nº 10, DE 21 DE JULHO DE 2021. Institui lista de espécies nativas da sociobiodiversidade de valor alimentício, para fins de comercialização in natura ou de seus produtos derivados. Disponível em: https://sistemas.agricultura.gov.br/vitrine/noticia/15 Acesso em: 01 fev. de 2023.
Foto principal: Adobe Stock
Fotos secundárias: Álbuns de Sociobio Amazonia | Flickr

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