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Social / 04/08/2022

A preservação da biodiversidade e seu papel na geração de empregos

Preservar a biodiversidade além de promover ganhos ambientais, pode contribuir com a geração de emprego e renda

Para que possamos saber a importância da biodiversidade para as pessoas em todos os seus aspectos, vale a pena conhecermos o tamanho que ela representa no Brasil. Cerca de 20% de toda a biodiversidade do planeta está concentrada no nosso país. Um total de 170 mil espécies conhecidas, sendo 41 mil vegetais e 129 mil espécies de animais.

Esses números nos posicionam como país de maior biodiversidade de fauna e flora do mundo e nos mostram o potencial que temos de definir estratégias capazes de melhorar a qualidade de vida de muita gente. Preservar e capacitar comunidades locais para explorar de forma sustentável as espécies nativas é o objetivo principal de várias ações que vêm sendo tomadas por inúmeras instituições brasileiras.

Também é importante destacar que o uso sustentável da biodiversidade é incentivado pela Organização das Nações Unidas (ONU), por meio de um dos seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), o ODS 15 – Proteger a Vida Terrestre, que visa promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres e deter a perda de biodiversidade.

Logo, a nossa potencialidade também nos conduz a uma grande responsabilidade, pois nos deparamos diante de um desafio constante, o de conciliar o desenvolvimento e a conservação.

Onde encontramos biodiversidade?

Além da extensão territorial, um dos motivos para o Brasil ter tanta diversidade de vida é a variedade de biomas. A Amazônia é o maior bioma brasileiro, composto por diversas florestas que ocupam, praticamente, um terço da área do país. A Mata Atlântica, ao longo do nosso litoral, é um dos biomas mais importantes e ameaçados do mundo. O Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil e é considerado a savana tropical mais rica do planeta. A Caatinga, um bioma exclusivamente brasileiro, possui biodiversidade adaptada às altas temperaturas e à falta de água. Já o Pantanal possui planícies bastante diversificadas e áreas de inundação. Por fim, o Pampa, localizado na região Sul do país, é formado por plantas rasteiras e algumas árvores e arbustos.

A preservação desses ambientes é essencial para a manutenção das diferentes formas de vida que os compõem. No caso das florestas, do ponto de vista ecológico, é onde podemos encontrar maiores biodiversidades, compondo grande riqueza no aspecto ambiental, social e econômico.

Preservação com valor social e econômico agregado

Preservar a biodiversidade vai muito além de promover benefícios ecossistêmicos como manutenção de recursos hídricos, sequestro de carbono, regulação de clima e controle de erosões, reduzindo riscos e impactos dos desastres naturais. Mais do que isso, manter a biodiversidade de florestas e de outras paisagens que compõem os diferentes biomas, é uma forma de desempenhar funções sociais e econômicas essenciais aos seres humanos, principalmente daqueles que vivem em regiões onde se preserva essa biodiversidade.

Em outras palavras, o uso adequado de áreas com biodiversidade preservada, além de prezar sobre a proteção desses ambientes, é uma alternativa econômica de extrema importância para que as populações locais ampliem sua renda e melhorem suas condições de vida.

Estratégias que preservam e movimentam a economia local

Várias iniciativas para preservação da biodiversidade e uso sustentável da terra são apoiadas pelo Instituto Internacional para a Sustentabilidade (IIS). Uma delas é o projeto SiAMA (Sistemas Agroflorestais na Mata Atlântica), que tem o objetivo de promover sistemas agroflorestais (SAFs) na Mata Atlântica como estratégia de desenvolvimento regional de modo a enfrentar a mudança do clima e contribuir para o combate à pobreza. O projeto possui ações de capacitação que objetivam expandir o conhecimento sobre agroflorestas, por meio de vídeos, treinamentos presenciais, publicações e materiais de comunicação diversos para cooperativas de agricultores e comunidades locais, abordando os benefícios dos SAFs como alternativa para restauração ecológica, melhoria de produtividade e geração de renda.

Outro exemplo de iniciativa apoiada e executada pelo IIS é o Projeto GEF Áreas Privadas, financiado pelo Global Environment Facility (GEF) por meio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (ONU Meio Ambiente). O Projeto GEF tem como objetivo principal ampliar o manejo sustentável da paisagem e contribuir para a conservação da biodiversidade e a provisão dos serviços ecossistêmicos em áreas privadas no Brasil. São considerados serviços ecossistêmicos, por exemplo, a restauração de uma área de preservação permanente (APP) com o plantio de mudas, com o objetivo de melhorar o ecossistema de vegetação nativa, preservar cursos d’água e controlar a erosão.

Um dos componentes da iniciativa é fortalecer o agroextrativismo sustentável para geração de valor às cadeias produtivas extrativistas e agrícolas de produtos naturais na região da APA (Área de Proteção Ambiental) de Pouso Alto – GO. Muitas comunidades locais e estabelecimentos da região já desenvolvem atividades agroextrativistas e possuem amplo conhecimento associado às práticas de cultivo e manejo, porém encontram-se pouco organizadas e com pouca capacidade produtiva e de gestão de seus negócios.

Para auxiliar ainda mais no tema em questão, o Relatório Temático sobre Restauração de Paisagens e Ecossistemas, apresentado pela mesma instituição e pela Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES) apresentou sínteses de conhecimentos disponíveis pela ciência e saberes tradicionais sobre biodiversidade, serviços ecossistêmicos e suas relações com o bem-estar humano com foco nos diferentes biomas do Brasil e no costeiro-marinho. O objetivo da publicação foi ressaltar ações, iniciativas, diretrizes e políticas que auxiliem na recuperação da vegetação nativa para preservar a biodiversidade e melhorar a qualidade de vida das pessoas.

Biodiversidade e o desenvolvimento regional

Segundo a WRI Brasil, a bioeconomia tem emergido como uma solução para o desenvolvimento sustentável da Amazônia, pela capacidade de promover uma transição para modelos econômicos de baixo carbono e contribuir para conservar sua biodiversidade única. Para auxiliar nesses conceitos, a instituição elaborou o paperUma bioeconomia inovadora para a Amazônia: conceitos, limites e tendências para uma definição apropriada ao bioma floresta tropical”, buscando comparar o que se tem entendido por bioeconomia no Brasil, apontando as necessidades específicas da atividade para o bioma floresta tropical, objetivando proteger e valorizar a diversidade biológica, cultural e social.

Para impulsionar o uso sustentável dos recursos genéticos e o conhecimento tradicional brasileiro, em 2021 o Instituto Escolhas apresentou propostas de inovação para melhorar a implementação da Lei da Biodiversidade (13.123/2015). Dentre as propostas apresentadas, constava a criação de grupo de apoio específico para as comunidades tradicionais, povos indígenas e agricultores familiares dentro da estrutura do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGen); desenvolvimento de projetos de capacitação de comunidades tradicionais a fim de criar uma enciclopédia de conhecimentos tradicionais associados, entre outras.

A TNC também acredita que inovação e inclusão de comunidades locais de conhecimento tradicional são ferramentas estratégicas para a conservação da natureza e fortalecimento da ciência nas ações de preservação da Amazônia. Juntamente com a Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), a entidade trabalhou para proteger os ecossistemas de água doce da Bacia do Tapajós. A iniciativa teve colaboração direta com as comunidades locais e ribeirinhas que desenvolvem a pesca artesanal e dependem dos recursos da bacia para sua sobrevivência e atividade produtiva.

Entre essas e outras ações, conseguimos compreender que incluir a sociobiodiversidade como objeto central nas atividades que buscam preservar a integridade dos biomas brasileiros, é primordial para a sustentabilidade do nosso ecossistema.

Principais fontes

Fontes:
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). A Embrapa nos biomas brasileiros. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/82598/1/a-embrapa-nos-biomas-brasileiros.pdf Acesso em 01/07/2022.
Rodrigues R.R.; Crouzeilles R.; Strassburg B.B.N. Capítulo 1: Apresentação. In Crouzeilles R., Rodrigues R.R., Strassburg B.B.N (eds.) (2019). BPBES/IIS: Relatório Temático sobre Restauração de Paisagens e Ecossistemas. Editora Cubo, São Carlos pp.77 https://doi.org/10.4322/978-85-60064-91-5.
Fonte foto: Adobe Stock

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